domingo, 1 de dezembro de 2013

DIA DA RESTAURAÇÃO DE SER PORTUGUÊS

Têm os Braganças como mãe a bela Inês Peres, filha de Pêro Esteves, um judeu da Guarda. Veio assim a restauração pela mão de um neto de Abraão e de uma filha de espanhóis. É que são portugueses quem luta por nós e não contra nós!
Então quem somos afinal?
Somos filhos de Tubal, que era filho de Jafet, neto de Noé. Iberos nos chamaram como os da pátria Georgiana do longínquo Cáucaso onde encalhou a arca. Somos portanto sobreviventes…
Fomos Celtas, outros filhos de Jafet, e conhecemos gregos e fenícios que confundiam o Mediterrâneo com os estuários do Tejo e do Sado.
Contra os filhos de Eneias, o Troiano, lutamos até à morte pois quando Sertório, general romano, ergueu a espada lusitana, já éramos tão romanos como ele.
Os reis Suevos de Braga confundiam o Minho com o Elba e o Oder, e no Zêzere chorava o godo Wamba as saudades do Danúbio, enquanto no Tejo se passeava o mouro elegante e belo que lhe seduzia as mulheres.
Depois fomos ao mundo e o mundo voltou a nós, e os filhos da Etiópia e do Congo encheram os salões desde Évora a Lisboa.
E o Viriato?
O Viriato é um velho conhecido que encontro por vezes, abismado, junto à estrada da Beira, que não compreende o suevo minhoto nem o mouro algarvio. É um espectro, uma ilusão, porque ser português é ser o mundo inteiro, e eu…
 
… eu e Afonso Henriques caçamos dragões wagnerianos na Burgúndia de seus avós.
… eu oiço bourrées de Bach na chotiça da Estremadura e nas danças de roda do Minho.
… eu e Tomás de Aquino rezamos juntos à Senhora d’Agonia.
… eu e Petrarca encontramo-nos pelo sereno da tarde no Camões.
… eu e a rainha Ginga trocamos juras de amor na língua de Pessoa, comendo cachupa na Brandoa.
… eu e o cacique Tupinambá falamos do barroco do Aleijadinho num terreiro de candomblé, no Monte da Caparica.
… eu medito com o guru Pantadjáli num ashram da Mouraria.
… e eu, nos tugúrios chineses do ópio, sonho como Pessanha esperando ver florir por engano as rosas bravas.
 
E Viriato?...
 
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada. (in Mensagem de F. Pessoa)
 
 


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