quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O FARDO DE UM HOMEM

À memória das vítimas de Hiroxima e Nagasaki

“Descobrimos a mais terrífica bomba da história do mundo. Pode muito bem ser a destruição pelo fogo tal como foi profetizada na era do Vale do Eufrates, após Noé e a sua fabulosa arca.”
Entrada no diário de Harry Truman a 25 de julho de 1945

A 6 de agosto, doze dias depois do que escreveu no seu diário, Harry Truman vestiu as vestes de cavaleiro do apocalipse e cavalgou sobre Hiroxima. Viu a destruição e o horror que causou: O céu iluminado por uma enorme bola de fogo, temperaturas de 300 000 º celsius e ondas de choque capazes de derrubar edifícios que pulverizaram milhares de pessoas. Outros milhares morreriam devido às queimaduras e a chuva negra contaminaria outros tantos. Dezenas de anos depois continuavam a morrer. Os números são obscenos e não os coloco aqui.

“E, quando Ele abriu o sexto selo, houve um grande terramoto e o Sol tornou-se negro, como um pano de crinas, e toda a Lua ficou como sangue. As estrelas caíram do céu à terra, como os figos verdes caem de uma figueira sacudida por um furacão. O céu foi afastado, como um livro que se enrola e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.” (Ap 6,12-14)

Três dias depois, a 9 de agosto, Truman não hesitou em cavalgar de novo, agora sobre Nagasaki. Quando bombardeavam o porto fundado por portugueses e que foi cenário para os amores do americano Pinkerton com a gueixa Butterfly, o presidente disse:

“Eu percebo o significado trágico da bomba atômica ... É uma responsabilidade terrível que chegou até nós ... Agradecemos a Deus que veio a nós, em vez de ir para os nossos inimigos; e oramos para que Ele nos guie para usá-la em Seus caminhos e para Seus propósitos.”

Harry Truman assumira a presidência por morte do então recém eleito presidente Roosevelt. Em 1948 ganharia as eleições pelo partido Democrata. Foi um excelente presidente. Reconstruiu a Europa e salvou Berlim, a Grécia e a Turquia. Promoveu o bem estar social dos mais necessitados do seu país e desculpou-se sempre com o número de mortes que evitou com as bombas.

Homens bons fazem, por vezes, coisas horríveis, monstruosas, tenebrosas e imorais. Tinha que as fazer? Esta é a pergunta a que todos, sem hipocrisia, temos medo de responder. Não tenhamos tanto zelo em acusar!

         

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