quinta-feira, 17 de março de 2016

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Dizia o Dr. Salazar que a democracia era muito bonita mas para ingleses que eram gente culta e educada. Para os povos do sul devia haver mão forte que soubesse conduzir o povo bruto e analfabeto. Na senda deste pensamento, pasme-se, aparece agora o Dr. Rui Tavares que, numa crónica que assina no Público e onde faz questão de se intitular como “historiador, fundador do Livre”, escreve que reconhece o Brasil mas não os brasileiros. Foi o fundador do Livre ao Brasil (quem é que não gosta de trocar o inverno europeu pelo verão permanente do Brasil?) e pasmou-se com o que viu. Isto é, reconheceu a maravilha que Lula e Dilma construíram mas que o Povo, machista, racista e classista, não reconhece. Pior, o Povo ingrato acusa os magníficos políticos de uma corrupção que, aos olhos de Tavares, não passam de bocas da reacção. Isto é, Lula e Dilma são bons demais para Povo tão antiquado.
- A democracia é uma chatice, Dr. Tavares, historiador e fundador do Livre.
Nós por cá não temos de que nos queixar. O deputado do PAN, preocupado com o nosso bem estar, obrigou os deputados a discutir uma proposta de redução de IVA para um copo que, afinal, já era taxado por toda a gente que o vendia com a redução agora aprovada e que decorria da leitura da legislação sobre o assunto. O copo vaginal que o leitor/a não faz ideia do que é, tal como eu e 90 % da população portuguesa, passa a ser taxado a 6% para o IVA, como sempre aconteceu desde que os tais copos se vendem, mas agora fica mais claro porque os deputados têm mais que fazer do que andar a ler as leis do país. Tenho para mim que tal como aquele boicote ao livrinho do Henrique Raposo, isto não passou de uma bem montada e orquestrada campanha publicitária ao tal copo. O que é que o deputado do PAN ganha com isso, não sei, mas metade da população do país fica-lhe eternamente agradecida.

“A felicidade no casamento é uma questão de sorte”. Esta é uma frase célebre do não menos célebre livro de Jane Austen: Orgulho e Preconceito. Vai daí, um realizador de filmes entendeu que as cinco meninas do livro não deviam sujeitar a felicidade à sorte e pô-las a lutar contra zombies. Isto sempre impecavelmente vestidas e trajadas ao estilo que vai do directório à regência, dançando com a mesma agilidade com que atacam mortos vivos. Resta-nos saber se usarão ou não copos vaginais, agora que ficaram mais baratos devido à previdente iniciativa dos nossos deputados. Cá por mim, entre Lula e Dilma, eu escolho a Jane Austen mesmo com zombies.


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