quinta-feira, 5 de maio de 2016

CIENTISTAS OU GALINHAS DEPENADAS?


Dizem que foi resolvido o enigma de quem apareceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Foi o momento de glória de quem, pondo-se em bicos de pés, se intitula cientista e, ao que parece, após um gráfico, arrumou para o canto da sala, de uma assentada, Aristóteles e Platão.  Ficámos sem saber se usou uma folha de excell se um powerpoint, mas sabemos que o fez com um certo enfado  porque acabou a afirmar: “Agora podemos voltar às nossas vidas”.
Qualquer garoto perceberá de imediato a falácia do cálculo do tal professor de biologia evolutiva de Manchester, que pelos vistos faz qualquer coisa para se tornar conhecido nas redes sociais. Se um dia conseguirá provar a evolução, não faço ideia, mas a involução ficou provada, porque o homem não passa afinal de uma galinha depenada, no dizer do meu velho amigo Diógenes.
Agora podemos voltar às nossas vidas, diz o cientista. Nós talvez, bem como Aristóteles e Platão que continuam bem vivos ao contrário de tão preclaro cientista. Resolvendo o problema do ovo e da galinha para poder continuar com a sua vidinha, desistiu de pensar, logo ficou morto, como tão bem explica Clarice Lispector:
“… O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam ovo de branco, essas pessoas morrem para a vida.”
Tenha atenção à Clarice, caro cientista. A sua descoberta é a prova do seu erro: “… Olho o ovo na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo. Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro.”
Também pode dar-se o caso de que tenha sido fome. Fome de notoriedade! “… Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.” Diz a Clarice que percebe muito mais de ovos que qualquer cientista de biologia evolutiva de Manchester.
Caro leitor, faça um favor a si mesmo. Deixe o cientista sossegado (não convém mexer com os mortos) e leia o magnífico conto de Clarice Lispector: “O OVO E A GALINHA”.


Imagem: “Esperando o Sucesso”, óleo de Henrique Pousão, 
Museu Nacional Soares dos Reis

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