quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AS JÓIAS DA COROA

Seis milhões de euros foi quanto o governo português recebeu pelas jóias da coroa roubadas há dez anos em Haia. Foi o seguro ou o governo Holandês, não o receptador, que os pagou. Não se ponham com ideias que eu não pretendo insinuar nada, mas que não deixa de ser uma bela maneira de receber dinheiro por algo que não se podia vender, ai isso não deixa. Mas esta crónica não é sobre as jóias da coroa portuguesa. Não vou falar nelas porque os jornalistas também não o fazem, sempre mais interessados em rabos. Sempre são melhor tema de conversa, principalmente os dos outros, ou das outras, e enquanto se fala do rabo dos príncipes, não se pensa nas jóias roubadas. Pois é, lá vou ter de falar do rabo do príncipe Harry, a pedido de algumas fiéis leitoras das minhas crónicas…
Get that ass! Sussurrou Tennessee Williams para Gore Vidal a propósito dos glúteos de J.F. Kennedy. Sabendo dos gostos de T. Williams, tenho a certeza que repetiria a graça se visse os do príncipe em Las Vegas. Talvez não gostasse da forma como o jovem herdeiro de Isabel II escondeu as jóias da coroa, mas que raio, um príncipe é um príncipe e espera-se que ao menos saiba protegê-las ao contrário da república.
Cairá a casa de Windsor com tal exposição da realeza? Talvez não, mas eu ficava preocupado. Simpatizante monárquico, que sou, temo bem que, como dizia o outro: já foste! Não me julguem mal, não é por pudor que penso assim. Sou suficientemente conhecedor da história dos príncipes para não esperar pudores da sua intimidade. A aristocracia nunca teve pruridos morais dessa ordem, que sempre considerou característica burguesa, defendendo antes os valores da honra e do serviço ao príncipe. Foi a pentavó de Harry, a mais burguesa das rainhas inglesas, quem institui o que comummente se chama a virtude vitoriana, enquanto o filho, e tetravó dos glúteos agora expostos, se encarregava de a perder pelos bordéis de Paris… Agora é mais em Vegas.  
Gilgamesh mostrou o rabo a todas as noivas do reino, o rei David matou um amigo para o mostrar a Betsabé, e o filho destes, Salomão encantou a rainha de Sabá com o músculo nadegueiro, tendo ela afirmado que nunca vira nada mais cheio de sabedoria. Mas não foram só os avós de Harry e os reis da antiguidade que mostraram as nádegas por tudo quanto era quarto, fosse em Jerusalém ou Paris, seja em Vegas, pois todas as cidades não passam afinal de Babilónias corruptas (benzo-me três vezes, esconjuro e cuspo para o lado). O protestante Henrique de Navarra, para poder mostrar as nádegas em Paris, renegou a sua fé e disse que valia bem uma missa (Paris, não as nádegas) e também em Portugal (valha-me santa Bárbara), o nadegueiro real ou principesco se mostrou do Minho ao Algarve, atravessou o Atlântico e foi mostrar-se no Corcovado, onde a mulata do Rio viu e calou. É certo que o nosso primeiro Afonso o mostrou por quantas camas o reino tinha que é seguro afirmar-se que todos descendemos das nossas avós mas que avô, só tivemos um, Afonso Henriques e mais nenhum.
                Com tanta exposição será melhor tornar a prosa mais lírica, e levo-vos agora em passeio pelas margens do Mondego por onde António Nobre, o poeta do Só, andou, para encher a bilha e trouxe-a, vazia como a levou…, mas o que vejo além? Sebastião admirando a bilha de um negro escravo, para logo pôr a sua à vela? Então mas o que é isto? Estamos no Mondego, senhor. Haja poesia e lirismo, lá porque lhe chamaram o prazer dos deuses, atendei ao decoro…
                Não vale a pena fugir à questão. Se foi sempre assim, porque coram as burguesas e porque riem trocistas os republicanos: eu não vos dizia? E porque digo eu que a casa de Windsor abre rachas? (eu disse rachas???)
Os valores, senhores, os valores que se perderam! Racha-se Windsor porque já os valores de outrora a não seguram! Os valores que faziam com que as madames dos bordéis de Paris não denunciassem quantas borbulhas haviam no rabo de Eduardo VII. Os valores que obrigaram os amigos de Sebastião, os mesmos que lhe viram as nádegas, a cavalgarem com ele ao encontro da Morte, sem o abandonarem. E Harry?
Pobre príncipe de Windsor que não teve um único amigo que partisse a cara a quem lhe fotografou a almofada e as jóias!


3 comentários:

  1. Realmente só tu para contares uma história cheia sem parecer uma coisa banal como se lê nos jornais aprendi mais qualquer coisa afinal não sei porque se admiram tanto já não era a primeira vez!!!

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    1. Realmente, caro anónimo, mais grave que um príncipe mostrar as nádegas em privado, é saber que um homem não pode estar em privado com um grupo de supostos amigos, sem que seja por eles atraiçoado.

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    2. Nem mais tens toda a razão

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