quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

DIA DOS NAMORADOS E AS SOMBRAS DE UM TAL GREY



Se está a pensar celebrar o dia dos namorados com uma ida ao cinema para ver o pastel que se intitula “As cinquenta sombras de Grey” desista. Parece que aquilo não aquece nem arrefece.
Sempre me fez impressão ver gente trocar um bom copo de vinho tinto por um “panaché”. Se compreendíamos a corrida a filmes como a “Piscina”, o “Último Tango em Paris”, ou o Pato com Laranja” pela vergonha de levar a esposa a um antro de filmes pornográficos, nos tempos de hoje, em que podemos vê-los no recato do lar, faz-me confusão que as senhoras corram a ver um filme em que o único mérito é ver o galã mostrar alguns pêlos púbicos e as “nalgas”. A sério. É tudo o que verão no tal filmezinho.
Se acham a actual pornografia mau cinema, porque não experimentam os velhos clássicos de antigamente? “A historia d’O”, “Por detrás da Porta Verde”, “O Diabo em Mrs Jones”, e por aí fora. Pornográficos quanto baste mas muito bem filmados.
Na literatura é o mesmo. Porque ler um mau livro como as sombras do dito cujo, quando se pode ler a bela escrita de Guillaume d’Apolinaire no seu famoso livro “As onze mil varas”? Ou a “Justine” do Marquês de Sade? Ou “Therése, a filósofa” de um anónimo do século XVIII? E se não gostam dos clássicos, leiam “A casa dos Budas Ditosos” do brasileiro João Ubaldo Ribeiro. Tudo muito bem escrito e com sexo a transbordar da contracapa a ponto de fazer corar o jovem Grey.
Mas não há nada melhor do que ser você a fazer a sua própria literatura e o próprio cinema. Em boa companhia, evidentemente. Deixe as sombras de Grey para quem não pode!

Imagem existente em templo indiano

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